Características Gerais | Como se Manifesta | Sintomas | Grupos de Risco | Subtipos | Diagnóstico | Tratamento no Ipan
Esquizofrenia
A palavra Esquizofrenia deriva dos termos “
frenos” – mente, ”
esquizo” – cindida, e foi criada por Eugen Bleuler, em 1911, com o propósito agrupar uma série de transtornos, cuja perda das
associações do pensamento era a característica fundamental, acompanhada de alterações de
afeto (embotamento), volição (
ambivalência) e comportamento
autista,
os chamados 4 AS de Bleuler. Estes transtornos eram chamados de
demência precoce por Emil Krapelin, até que Kurt Schneider enriqueceu o
entendimento psicopatológico da esquizofrenia, descrevendo, por assim
dizer, a visão subjetiva dos pacientes. Sintomas que ele chamou de
primeira ordem, como “vozes conversando entre si” ou “vozes de comando”,
por exemplo. A esquizofrenia também costuma ser dividida em tipo 1 e 2,
de acordo com o predomínio de sintomas chamados positivos – delírios e
alucinações, ou negativos – embotamento e isolamento. Segundo o Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-V), a Esquizofrenia é um
transtorno psiquiátrico grave, caracterizado por dois ou mais sintomas,
tais como: alucinações auditivas, visuais ou sinestésicas, delírios,
paranoia, desorganização da fala ou até mesmo fala incompreensível,
catatonia e/ou sintomas negativos. Estes sintomas se manifestam, em
média, por quatro semanas.
Como se manifesta
A Esquizofrenia se manifesta de forma abrupta ou gradual, porém, não
há regras. Na maioria das vezes, ela se desenvolve de forma lenta e
gradual, ao longo de meses, e os sintomas podem passar desapercebidos
pelos familiares e amigos. O início das manifestações da doença, em
geral, ocorre na adolescência ou na idade adulto-jovem, afetando a
produtividade do paciente, com efeitos devastadores em sua vida e na de
seus familiares mais próximos.
Sintomas
Os primeiros sintomas podem estar associados a insônia, ansiedade,
desinteresse por atividades rotineiras, isolamento social, dificuldade
de atenção/concentração e até abandono de estudos e trabalho. É comum
haver descuido com a higiene, mudanças no comportamento e com a
aparência, causando a impressão de ser apenas uma fase de “rebeldia”.
Com o passar do tempo, os sintomas se agravam até a chegada do 1º surto
psicótico. Este, em geral, se manifesta com agressividade, agitação,
delírios de perseguição, vozes que dão ordens ou que conversam entre si,
etc. O curso é variável. Geralmente existe uma
fase prodrômica, uma
ativa e uma
residual.
Na fase prodrômica, alterações mais leves, como isolamento, sensação de estranheza e alterações vegetativas, predominam.
Na fase ativa, há predomínio de delírio ou alucinação, desorganização do pensamento e/ou sintomas catatônicos.
E na fase residual,
há predomínio de sintomas negativos de isolamento, como por exemplo, o
embotamento. O prognóstico é reservado e costuma ser descrito com base
na regra dos terços: um terço tem vida próxima ao normal; um terço
apresenta prejuízo social e profissional importante, e um terço
necessita de cuidados internos e, muitas vezes, hospitalização
prolongada.
Grupos de risco
Trata-se de um transtorno mental que acomete pessoas de todas as
idades, gêneros, raças, classes sociais e países e, segundo estudos da
OMS – Organização Mundial de Saúde, atinge cerca de 1% da população
mundial. Fatores genéticos parecem ser importantes, com casos claros de
agregação familiar e de concordância genética, chegando a 50% dos casos.
Há uma maior incidência entre pessoas nascidas no inverno e de mães que
sofreram infecção por influenza na gravidez. Há uma concentração maior
em centros urbanos e em classes sociais mais baixas. A proporção entre
homens e mulheres é de 1:1, mas o início da doença é mais tardio nas
mulheres.
Subtipos da Esquizofrenia
Os principais subtipos da Esquizofrenia são: Paranoide, Desorganizado, Catatônico, Indiferenciado e Simples.
No Paranoide,
há predomínio de sintomas psicóticos e, geralmente, os delírios têm
conteúdo persecutório, bizarro e até de alucinações, cujas mais comuns
são as auditivas.
No Desorganizado, também conhecido
como Hebefrênico, há predomínio de desorganização do pensamento, com
discursos incoerentes e afeto infantilizado.
No Catatônico,
os sintomas psicomotores são eminentes, com a chamada flexibilidade
cérea (manter-se em posições não fisiológicas), além de automatismos e
estereotipias.
No Indiferenciado, há dificuldade de isolar um sintoma proeminente. E, por fim,
no Simples, há evolução de sintomatologia negativa sem surtos de sintomas positivos.
Diagnóstico
Em geral, o diagnóstico da Esquizofrenia é clínico, ou seja,
realizado pelo histórico do paciente, bem como pela presença de sinais e
sintomas. Não há um exame laboratorial ou de imagem capaz de
diagnosticar a doença. Algumas alterações cerebrais são comuns, mas, ao
mesmo tempo, pouco específicas. O achado mais consistente é o aumento de
ventrículos. A fisiopatologia parece incluir hiperfunção dopaminérgica
subcortical e temporal (sintomas positivos) e hipofunção frontal
(sintomas negativos). Deficiências neurológicas leves são comuns.
Alterações de movimento ocular rápido e alterações em potencial evocado
são comuns, mas também inespecíficas.
Tratamento
O tratamento da Esquizofrenia é basicamente
medicamentoso e psicoterápico. As abordagens psicoterápicas geralmente
incluem a cognitivo-comportamental (reforço de atitudes adequadas e de
aderência ao tratamento), além de psicoterapia de apoio e psicoterapia
familiar. A abordagem medicamentosa consiste no uso de
Antipsicóticos Típicos /Atípicos. Os
Típicos
têm ação principal de bloqueio dopaminérgico, como por exemplo,
haloperidol e clorpromazina. São medicações eficazes para o alívio de
sintomas positivos, mas com alguns efeitos colaterais. Os
Atípicos
têm graus variados de antagonismo dopaminérgico e serotoninérgico. Têm
efeito em sintomas positivos e, também, parte dos sintomas negativos e
são considerados a primeira linha de tratamento medicamentoso na
atualidade. Além dos Antipsicóticos, outros medicamentos têm sido
utilizados em associações para aliviar comportamentos impulsivos
(estabilizadores do humor) e ansiedade (ansiolíticos). A
Eletroconvulsoterapia (ECT) é indicada em quadros Catatônicos e quando
há sintomas positivos resistentes às medicações. Recentemente o Conselho
Federal de Medicina aprovou o uso de Estimulação Magnética
Transcraniana (EMTr) para o alívio de alucinações auditivas na
Esquizofrenia.
Nem sempre é fácil conviver com a Esquizofrenia, tanto para quem
sofre como para a família. Por isso, é importante buscar um tratamento
que proporcione algum controle sobre as manifestações.